We’ve updated our Terms of Use to reflect our new entity name and address. You can review the changes here.
We’ve updated our Terms of Use. You can review the changes here.

RETRATOS

by MAGNA TERRA

supported by
/
  • Streaming + Download

    Includes unlimited streaming via the free Bandcamp app, plus high-quality download in MP3, FLAC and more.
    Purchasable with gift card

      €7 EUR  or more

     

1.
MONDADEIRA Tinha no olhar as espigas e no cabelo uma fita encarnada andava sozinha na monda e a vida pra ela era uma história encantada Chapéu de palha e saia rodada seu corpo planície que anoitecia aind’ hoje me lembro momentos que passámos quando minh’ alma no seu peito dormia Ai mondadeira vem dar-me a mão pela vida inteira sem solidão e o mar de campo traz-me o teu suor virgem primeira lavra-me amor Sua casa era um velho monte onde morava sua simplicidade seu pai já era velho sua mãe havia morrido e ela um dia partiu lá prá cidade Com ela partilhei um milhão de sonhos quando juntos ouvíamos o rouxinol cantar mondadeira da minh’ alma aind’ hoje recordo quando naquele dia te vi passar Ai mondadeira vem dar-me a mão pela vida inteira sem solidão e o mar de campo traz-me o teu suor virgem primeira lavra-me amor
2.
HORIZONTES PLANOS Como quem lavra sementes com o suor quente das mãos sinto aqui o alentejo no cansaço da solidão Como quem olha ao redor até onde a vista alcança sinto no peito o calor deste alentejo que é esperança Ai sonho meu que foste ao longe tentar a sorte perdida dou graças pela minha vida Ai sonho meu que foste ao longe buscar a água sofrida sê alentejo – seara e vida Rego de sangue o alentejo seco do som das ceifeiras na calma que tanto desejo ouço ao longe o som das ribeiras Ai sonho meu que foste ao longe tentar a sorte perdida dou graças pela minha vida Ai sonho meu que foste ao longe buscar a água sofrida sê alentejo – seara e vida Ai sonho meu que foste ao longe Sinto ao norte um gelo soturno as mãos de um verde maduro e se um dia o alentejo morrer de sede cantada não há-de ser
3.
CANTILENA Dormem já as esperanças enraízam-se os sonhos Deliram as mãos que agarram as folhas verdes do teu ventre Despem-se os mitos abraçam-se os poentes e a dança das chuvas é cada vez mais real é cada vez mais uma cantilena que os pastores assobiam lá pelos montes
4.
QUOTISTRESS Ir sempre sem retorno no forno da selva no trono da salva que talvez salve o polvo que roda à roda de si povo sem rumo ardendo no muro branco de tijolos em punho num prumo incerto em punho num prumo incerto Incesto certo que acerta no alvo e na espiral final das vidas sem concerto e se inverto o papel ridículo da personagem no cubículo a taça das pálpebras vai verter o liquido baço falso ou não E se um dia o sol se for e a lua o quiser destronar, há que pensarmos um pouco no que ainda há pra acabar Aiô aiô lá lá lá láie Que faço que faço eu da paixão no coração e da solidão no vão da escada escarpada reduzida a nada. acordo e concordo que tudo é fruto do acaso no ocaso abrupto da existência essência da vida. E se um dia o sol se for e a lua o quiser destronar, há que pensarmos um pouco no que ainda há pra acabar Aiô aiô lá lá lá láie
5.
SAUDADES DOS MONTES Dei-te um laço de ternura Bordado a fios de luar Mesmo na noite mais escura Vou ser capaz de te achar Debaixo da oliveira Não se pode namorar Tem a folha miudinha Deixa passar o luar Deixa passar o luar Não é como a laranjeira Não se pode namorar Debaixo da oliveira Quem me dera ser colete Quem me dera ser botão Para andar agarradinho Juntinho ao teu coração Debaixo da oliveira Não se pode namorar Tem a folha miudinha Deixa passar o luar Deixa passar o luar Não é como a laranjeira Não se pode namorar Debaixo da oliveira Tenho saudades dos montes Do lugar onde nasci De beber água das fontes De correr atrás de ti De pintar o teu retrato Em aguarelas de esperança De ver as ondas do trigo Até onde a vista alcança
6.
CAMPOS AO SUL Olho estes campos ao sul trigo loiro que invento sereno me embriago de azul magia antiga que me traz o vento Olho este trigo maduro planície talhada no horizonte as árvores recortam o futuro de um verão que escalda nos montes E quando no outono o oiro povoa os caminhos a seara é já um palheiro onde te amo de mansinho Serei a terra a brotar o trigo seco e maduro serei água a murmurar no cansado silêncio do futuro Serei o ar mais pesado de um verão escaldante e denso serei o fogo já cansado a crepitar num pau de incenso Olho estes campos sem fim trigo maduro que envelhece rouxinol que trago em mim e no inverno me aquece E quando no outono o oiro povoa os caminhos a seara é já um palheiro onde te amo de mansinho E quando o inverno chegar e a chuva no matar a sede amanhecerá primavera plantando na planície o verde Serei a terra a brotar o trigo seco e maduro serei água a murmurar no cansado silêncio do futuro Serei o ar mais pesado de um verão escaldante e denso serei o fogo já cansado a crepitar num pau de incenso
7.
PASTORELA Ũa pastor se queixava muit' estando noutro dia, e sigo medês falava e chorava e dezia con amor que a forçava: «par Deus, vi-t' en grave dia, ai amor!» Ela s' estava queixando, come molher con gram coita e que a pesar, dêsde quando nacera, non fôra doita, por en dezia chorando! «Tu non és se non mha coita, ai, amor!» Coitas lhi davam amores, que non lh' eran se non morte, e deitou-s' antr' ũas flores e disse con coita forte: «Mal ti venha per u flores, ca non es se non mha morte, ai, amor!»
8.
MAR ALTO E se soubesses de mim e se inventasses o mar se me tocasses por fim davas ao sol este altar Se inventássemos a flor deitados abeira nar voando talhando a cor que ao longe enfeita o ar Um barco navega ao longe ao longe regressa sozinho do norte e tu procuras e eu procuro desesperadamente a sorte E se eu soubesse de ti e se desse outra cor ao luar se te tocasse por fim dava ao sol este mar Havia uma paisagem imaginária sozinha soerguendo-se no dia Havia uma praia lendária eterno repouso de minha agonia Um barco navega ao longe ao longe regressa sozinho do norte e tu procuras e eu procuro desesperadamente a sorte
9.
RETRATOS Vento norte vento norte passageiro traz lembranças doutras gentes Trabalhando trabalhando o dia inteiro deitando à terra sementes Pra colher pra colher eterno estio que navega entre o trigo Vento norte vento norte seco e frio nosso medo é teu abrigo É a dura vida é a triste sina eterna fadiga que a terra nos ensina Lá ao longe a guardar o gado um pastor a olhar se esquece cansaço calado que a terra nos oferece Ceifeiras ceifando a tristeza que cresce em mim mulheres que cantam cantigas do principio ao fim pastores olhando a calma onde à noite a terra chora saudades desse futuro onde o tempo se demora Madrugada madrugada cresce cresce até que o pastor se levante Primavera primavera sempre veste seu vestido verdejante É a dura vida é a triste sina eterna fadiga que a terra nos ensina Lá ao longe a guardar o gado um pastor a olhar se esquece cansaço calado que a terra nos oferece

about

(P)1991 Produzido por Joao Cagado

credits

released January 3, 2020

Joao Cagado: guitarras, vozes, sintetizadores e percussão;
Manuel Correia Dias: vozes;
Jorge Canhoto: sintetizadores e acordeão;
Paulo Couto: bateria;
Manuel Torres: baixo.

license

all rights reserved

tags

about

Joao Cagado Portugal

contact / help

Contact Joao Cagado

Streaming and
Download help

Report this album or account

If you like RETRATOS, you may also like: