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MT93

by MAGNA TERRA

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Tiago Godinho
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1.
MEU GRITO ALTO (João Cágado/Manuel C Dias) 05:11
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MEU GRITO ALTO AI SE A SAUDADE ME DISSESSE QUE A VOZ DE UM POVO É SEMPRE CRUA E SE A MEMÓRIA ME DEIXASSE CANTAR CANTIGAS PELA RUA E O ESPAÇO FOSSE A MINHA VOZ E AS AVES ME QUIZESSEM VER RODAR NO VENTO E NA CHUVA TER A PLANÍCIE A AMANHECER PODIA LER MEU GRITO ALTO FAZER FLORIR OS VENDAVAIS PODIA LER MEU GRITO ALTO BAILAR AO SOM DOS CARNAVAIS PODIA LER MEU GRITO ALTO SE A VOZ QUE TENHO ME DEIXASSE CONTAR HISTÓRIAS QUE JÁ SEI VOGAR PELOS MONTES DEVAGAR SENTIR OS RIOS ONDE MOREI PARTIR SEM RUMO DESCUIDADO PINTAR OS CÉUS DE LUAR LANÇAR A RAIVA QUE HÁ EM MIM SENTIR MEU CORPO A LIBERTAR PODIA VER MEU GRITO ALTO FAZER DOS CAMPOS MEU LUGAR PODIA VER MEU GRITO ALTO BAILAR AO SOM DO MEU CANTAR PODIA VER MEU GRITO ALTO
2.
JÁ LÁ VEM O SOL (João Cágado/Manuel C Dias) 05:41
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JÁ LÁ VEM O SOL JÁ DEIXARAM OS SINAIS NA TERRA P' RA DEPOIS ESQUECEREM O CALOR E JUNTAM-SE À CLAREIRA NA SERRA SEGUEM A LUA SEJA ONDE FOR JÁ LÁ VAI O DIA A FUGIR DA NOITE QUE CHEGA LOGO A SEGUIR JÁ CONTARAM OS DIAS DE ANTES LEMBRANÇAS DAQUILO QUE FOMOS E VÃO BUSCAR ÁGUA ÀS FONTES DO VAZIO QUE AINDA NÃO SOMOS JÁ LÁ VEM A MADRUGADA CERTO SOL JÁ NÃO TARDA E EU VISTO NA PELE E NEGO A RAZÃO QUE NUNCA EXISTIU NAS ARMAS DO MÁRTIR SECO PELA CHAMA QUE SE EXTINGUIU JÁ LÁ VEM O SOL A NASCER ATRÁS DOS MONTES IRÁ MORRER
3.
TRADIÇÃO (AO LONGE NO ARVOREDO) (João Cágado/Manuel C Dias) 03:59
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TRADIÇÃO (AO LONGE NO ARVOREDO) DANÇAM RAPARIGAS SÁBIAS E ANTIGAS DESEJOS DOS OLHOS MEUS LEVANTAM VERMELHAS AS SAIAS ÀS ESTRELAS BRILHO DOS OLHOS MEUS CANTAM JÁ PASTORES VIDA AOS SEUS AMORES E O DIA QUE HÁ-DE CHEGAR VÉSPERAS DE TUDO DANÇAM AO ENTRUDO FESTA DA NOITE AO LUAR AO LONGE NO ARVOREDO ONDE A SOMBRA ACALMA O SOL NASCE ALEGRE A ALVORADA NO CANTAR DE UM ROUXINOL NO CANTAR DE UM ROUXINOL NASCE ALEGRE A ALVORADA ONDE A SOMBRA ACALMA O SOL DORME AGORA A MADRUGADA DIZEM-ME AS MEMÓRIAS CONTAM-ME OUTRAS HISTÓRIAS RIEM DAQUILO QUE É SEU ESQUECEM ESTA VIDA A TERRA TÃO SOFRIDA A ALEGRIA NASCEU
4.
OUTONAL (João Cágado) 05:08
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OUTONAL SOPRA FORTE SOPRA VENTO PELOS CAMINHOS DO ANDAR EU HEI-DE VOAR CONTIGO A CANTAR LEVA O CHEIRO QUE HÁ NO TRIGO DA GIESTA QUE É MEU MEDO LEVA DO MEU PEITO AO MUNDO UM SEGREDO E QUANDO UM DIA O CANSAÇO TOMAR CONTA DESTE ANDAR NÁO IREI CONTIGO Ó VENTO NÁO SEREI VENTO A SOPRAR SOPRA FORTE SOPRA VENTO NOS TRIGAIS DAQUELA ESTRADA EU HEI-DE CANTAR-TE UM DIA A MADRUGADA E QUANDO UM DIA O CANSAÇO TOMAR CONTA DESTE ANDAR NÁO IREI CONTIGO Ó VENTO NÁO SEREI VENTO A SOPRAR
5.
ORAÇÃO À CHUVA (João Cágado) 06:16
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ORAÇÃO À CHUVA AI QUEM ÉS TU QUE NOS DESTE E NOS TIRAS AGORA TÁO GASTA ILUSÃO QUEM ÉS TU QUE NOS OFERECE UMA ESPERANÇA DE OUTRORA NESTA SOLIDÃO ÉS RAINHA DAS LUZES E ÀS VEZES CONFUNDES OS CAMINHOS QUE TRAÇO EM MINHAS MÃOS VESTES O TEMPO DE ROSAS SECAS DO PERFUME ONDE ESTA TERRA RESPIRA FAZES DO VENTO UMA PROSA ONDE OS VERSOS CONFUNDEM A POEREZA E A IRA ÉS A ÁGUA QUE NÁO BEBO E OUTRAS VEZES MEU MEDO ONDE A SEDE SE ENTORNA E A FOME RESPIRA ERGUEMOS AO SOL ESTA VOZ QUE É TÁO MUDA CANTANDO VELHAS REZAS QUE A RAZÃO ACHA ABSURDA ERGUEMOS AO SOL ESTA VOZ JÁ TÁO ALTA E QUE A CHUVA NOS TRAGA A BONANÇA E OUTRO DIA OUTRA ESPERANÇA A BROTAR DO NADA AI QUEM ÉS TU QUE NOS DÁS E NOS TIRASTE OUTRORA TÃO GASTA ILUSÃO QUEM ÉS TU QUE DA PAZ FIZESTE UMA GUERRA ENTRE A FOME E O PÃO OUVISTE AS PRECES DO POVO TÃO VELHO E TÃO NOVO NUM GRITO APAGADO DE REZA E ORAÇÃO
6.
OLHAR A VIDA (João Cágado) 04:45
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OLHAR A VIDA COM O VENTO EU VOU À PROCURA DE MIM TÃO DEPRESSA PASSOU DE REPENTE ASSIM VAGOS VÃO OS DIAS ETERNOS DE HARMONIAS QUE TEIMAM EM PASSAR QUE TEIMAM EM PASSAR COM A CHUVA EU CAIO NO INFINITO DE TI PERSISTENTE COMO UM RAIO DO SOL QUE REVIVI VAGOS VÃO OS DIAS DAQUELAS ALEGRIAS QUE TENTO RECORDADR QUE TENTO REDORDADR OLHAR A VIDA COMO ELA PASSA OLHAR A VIDA QUE PASSA A CORRER OLHAR A VIDA COMO ELA PASSA OLHAR A VIDA QUE PASSA A CORRER COM O SOL 'INDA BRILHO E IREI ATÉ AO FIM CAMINHOS QUE PERFILHO SEREI SEMPRE ASSIM VAGOS VÃO OS DIAS SEQUIOSOS DE EUFORIAS QUE QUERO ABRAÇAR QUE QUERO ABRAÇAR
7.
ENCONTROS D’ OUTRO OLHAR (João Cágado) 04:36
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ENCONTROS D’ OUTRO OLHAR ENCONTRAR NA TERRA UM POUCO DE ANSIEDADE RECORDAR DO FOGO UM TRAÇO DE VERDADE E SER ASSIM UM DIA AH RENTE AO MAR UM DESEJO DE ALEGRIA AH SEM ESPERAR ENCONTRAR NO VINHO UM SOSSEGO INESPERADO RECORDAR SOZINHO UM SILÊNCIO DOUTRO PRADO E SER ASSIM UM DIA AH OUTRA ANSIEDADE SENTINDO A EUFORIA AH DO FIM DA TARDE CHEGAR MAIS ALTO QUE O SOL CANTAR SEMPRE ASSIM CORRER MAIS LEVE QUE O TEMPO QUE CORRE ATRÁS DE MIM SENTIR A DOR MAIS SECRETA QUE ME ARRASTA ASSIM OLHAR A PAISAGEM INCERTA LUGAR DE ONDE VIM ENCONTRAR NUM RIO UMA ÁGUA SEM DISTÂNCIA RECORDAR A FIO UM GESTO DOUTRA INFÂNCIA E SER ASSIM UM DIA AH OUTRO LUGAR ONDE CEDO JÁ SE OUVIA AH ALGUÉM CANTAR
8.
AVONDO DE MIM (João Cágado/Manuel C Dias) 05:20
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AVONDO DE MIM SECO CORRE EM MIM UM PEDAÇO DE RIO A SÓS DANÇO E CAIO NUM LEVE RODOPIO DANÇO E PEÇO UM OLHAR ALGUÉM QUE VENHA POR BEM QUE ME VEJA CAIR NO CHÃO COMO NINGUÉM SECO CORRE EM MIM O TRABALHO DAS MÃOS O CALOR DE MEU CORPO ESCRAVO DA SOLIDÃO CANTO ATÉ AO SOL PÔR MOR DE MINHA ALEGRIA CANTO A DANÇA DOS CORPOS QUE DANÇAM ATÉ SER DIA NO LEITO DA NOITE QUENTE NO ESPAÇO QUE EM MIM RECORTO SECOS CORREM RIOS PELAS FACES JÁ VELHAS DE ALGUÉM O CALOR DE MEU CORPO JÁ NÃO SERVE P’RA MAIS NINGUÉM
9.
MAR POR DESCOBRIR (João Cágado/Manuel C Dias) 05:58
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MAR POR DESCOBRIR TÃO FÁCIL COMO É DIZER QUE O MAR É TÃO MAIOR QUE NÓS E A ESPERA COMO QUE POR QUERER É SEMPRE O QUE NOS DEIXA SÓS TÃO VAGO COMO O AMANHECER POR QUALQUER RIO A FORA E DESCOBRIR À ESPERA COMO QUE A QUERER A VIDA QUE ESTÁ POR DECIDIR QUEM DERA PODER NAVEGAR PELAS ONDAS SEM RUMO E RIR NAS ÁGUAS DESSE TEU MAR E O AR E O SOL E O MAR QUE QUER PARAR DE SE DESCOBRIR E NAVEGAR S AO CÉU QUE É MEU O MAR QUE QUER DIZER NAVEGA SEM PARAR NAVEGA SEM PARAR TÃO DOCE COMO EU TE QUERER COMO O SOL QUE POR TI FORA DESCE E NA ESPUMA ME DESPIR E SER O BRILHO QUE TEU CORPO VESTE TÃO BREVE COMO O ENTARDECER NA ESPERANÇA VIVA DESSA ÃGUA MULHER DESCUBRO LUGARES SEM QUERER A TERRA O MAR O QUE EU QUISER
10.
VÍCIO DO TEMPO (João Cágado) 06:02
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VÍCIO DO TEMPO QUANDO O VENTO SOPRA DO LADO NORTE E AS MÃOS DESCANSAM ÀS VEZES RECORDO É SEMPRE ASSIM QUANDO O OUTONO LARGA AS FOLHAS E A CALMA SE RECOLHE ÀS VEZES RELEMBRO É SEMPRE ASSIM QUANDO A CHUVA CAI E REFRESCA A ALMA A TERRA MATA A SEDE ÀS VEZES EU PENSO É SEMPRE ASSIM VAI-SE O VERÃO VEM O OUTONO O VÍCIO DO TEMPO ENVELHECE A GENTE COMO FOLHAS CAÍMOS ÀS VEZES NO VAZIO DAS PALAVRAS TÃO MANSAMENTE LENTAMENTE É O FUTURO TÃO INCERTO E ABSTRACTO COMO O PASSADO QUE SE AUSENTA É A TARDE QUE SE ESVAI CALMAMENTE QUANDO A NOITE RECOMEÇA É UM DIA ATRÁS DO OUTRO ENQUANTO ESTE VICIO DO TEMPO AUMENTA QUANDO O SOL SE LANÇA MANHÃ FORA E A FAINA ENDOIDECE ÀS VEZES PERGUNTO SERÁ SEMPRE ASSIM

about

℗ 1993 Produzido por João Cágado

credits

released April 10, 2020

JOÃO CÁGADO:
guitarras electricas e acústicas, vozes, coros, teclados e
programação;
MANUEL CORREIA DIAS:
vozes;
JORGE CANHOTO:
teclados e acordeão;
PAULO COUTO:
bateria;
MANUEL TORRES:
baixo.

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